quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

quinta-feira 22-01-2009




A antiga vila do Jarmelo está implantada sobre dois cerros situados à vista da Guarda a cerca de 12 Km de distância, num local que parece ser eixo de comunicação entre outras, várias antigas fortalezas: Castelo Bom, Castelo Mendo, Castelo Rodrigo, Trancoso, Longroiva, Meda, Almeida, Alfaiates, Sabugal e Vilar Maior. A vila do Jarmelo data do tempo dos godos. D. Afonso Henriques deu-lhe foral sem data. Foi sede de concelho, suprimido em 1885. Nasceu no Jarmelo, Pero Coelho, um dos três assassinos de D. Inês de Castro, “que depois de morta foi raínha”, a quem D. Pedro I mandou arrancar o coração a 18 de Janeiro de 1357 na cidade de Santarém. D. Pedro mandou arrasar a vila nesse mesmo ano pelo que também foi “salgada aos quatro cantos”.
Mais tarde, em 1375, D. Fernando mandou-a restaurar, sofrendo as investidas dos castelhanos durante a crise de 1383-85. Em 1 de Junho de 1510 D. Manuel I deu-lhe foral, curiosamente passado em Santarém.A vila do Jarmelo tinha antigamente quatro freguesias: Santa Maria, Nª Senhora da Conceição, S. Miguel e S. Pedro. O local, rochoso, está alcandorado numa elevação que alguns historiadores entendem como sendo parte integrante do planalto da Guarda, a caminho da meseta espanhola, para além do Rio Côa. As ruínas apresentam ainda partes de muralha, alguma com vestígios do antigo passeio da ronda, de origem medieval, mas cuja ancestralidade remonta a temos remotos, quiçá do período neolítico posteriormente enriquecido por épocas e civilizações várias, sobretudo os lusitanos, romanos e pós-nacionalidade portuguesa. A muralha do Jarmelo está subdividida entre o tipo de monolitos mal aparelhados sobre o Coroamento dos cerros ou outeiros que constituem a antiga povoação e o perímetro murado que envolvia toda a antiga vila.Embora o interior, degradado e abandonado, afecto ao Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico (IPPAAR), seja povoado por mato selvagem, são ainda perfeitamente visíveis as velhas cisternas, os muros e alicerces de casas, as ruas, a forja, pios eventualmente destinados a bebedouros, fornos e a antiga “pedra de montar”. Trata-se de um monolito de grandes dimensões que a tradição liga aos amores de D. Pedro e Inês de Castro.Uma velha tradição da região conta que as donzelas ou noivas teriam de pagar determinado quantitativo (a tença) junto a esta pedra, assemelhada a um monumento rupestre, para que o casamento fosse realizado ou tivesse felicidade. Acrescenta o povo nas suas lendas que a pedra foi usada por Inês de Castro para subir para a montada. Nasceu assim a quadra: Adeus vila do Jarmelo / Adeus pedra de montar / Enquanto o mundo for mundo / Dinheiro hás-de ganhar”.
Jarmelo foi antigo município, extinto na reforma liberal do século passado, mas cuja autoridade municipal está ainda testemunhado no edifício da antiga câmara e cadeia, que ostenta as armas reais, próximo da igreja, de sepulturas antropomórficas de origem medieval, conjunto este implantado fora do perímetro amuralhado, em local onde se realizava a feira, uma das mais antigas instituídas em Portugal. Muitas das aldeias – em risco de desertificação – ricas em património construído de feição rural, granítico, teriam sido originadas pela dispersão dos habitantes quando a fúria de D. Pedro I amaldiçoou e destruiu a povoação. A região do Jarmelo foi centro de uma sub-raça de gado vacum a que se apelidou de “jarmelista”. De pele castanha, corpulenta, era utilizada em todos os povoados circunvizinhos e nesta zona do distrito para o amanho da terra, associada ainda a produção de leite para sustento familiar. A introdução da mecanização na agricultura e o abandono da terra, associado à drástica redução dos residentes, provocou a inevitável redução dos espécimes existentes. Para rememorar este animal que em muito e durante séculos participou na “construção” da história de Portugal em terras de Jarmelo”, é realizada desde há já sete anos uma feira dedicada ao Jarmelo e suas ancestrais riquezas que, além do gado bovino “Jarmelista” envolve também as raças “bordaleiras da serra da Estrela” e “caprinos da Serra”. O velho terreiro fronteiro à velha, silenciosa e enigmática Vila ganha assim, mesmo por um dia, nova vida, arrancando das entranhas rochosas deste púlpito alcandorado frente à serra da Estrela, serra da Marofa ou à Guarda (sede de concelho), símbolos de vida de um passado distante.
Barracas, tendas de vendedores ambulantes, cristãos, ciganos e judeus, enchem o recinto onde se espalham seculares rochas em que foram chumbadas as argolas para “prender pela arreata” os animais – as bestas – carregadas de mercadorias ou para venda. São Miguel do Jarmelo é uma freguesia portuguesa do concelho da Guarda, com 7,73 km² de área e 228 habitantes (2001). Densidade: 29,5 hab/km².
Juntamente com a freguesia de São Pedro do Jarmelo, faz parte da antiga Vila do Jarmelo.
Situada nos contrafortes da serra da Estrela, sensivelmente a 15 km da Guarda, sendo rasgada pela A25, é servida pela estrada N16, a caminho da Espanha, pela fronteira de Vilar Formoso.
A melhor e quase única indústria existente são a grandeza de alma dos seus, bem complementada com a dos outros congéneres gémeos de São Pedro do Jarmelo (dizem os entendidos que Jarmelo deriva de Germanello, ou seja gémeos), e a nobreza da terra, que bem acarinhada devolve rebentos duma rara qualidade que se reproduzem e servem de pasto às nobres raças Jarmelistas.
Fazem parte desta freguesia as localidades de: Quinta do Silva, Alto de Valdeiras, Valdeiras, Montes e Lobatos.
A foto foi tirada lá em Agosto, representa o assassinato da Inês de Castro.
Aconselho a visitarem, é lindo e assim presto uma homenagem à terra do meu avô materno(avô Júlio).

2 comentários:

Mar disse...

Deve ser lindo! Adorava visitar.

Bjs

Maria José disse...

que bela descrição amiga,
bjokas